ENTREVISTA: Lupa lidera a nova geração do rock em Brasília
Ao celebrar os 8 anos de seu álbum de estreia, Lupercália, Múcio Botelho, vocalista da banda LUPA, fala ao Spectrum sobre os marcos da trajetória do grupo e revela planos para o futuro. Confira:
“Você reclama só de casa, 'em Brasília não tem nada’, só você, só você quem não vê, essa cidade é um saco, ou você que é um chato?”
Popularmente conhecida como Capital do Rock, Brasília possui um catálogo extenso de bandas — desde Legião Urbana, passando Capital Inicial até Raimundos — a capital do Brasil é reconhecida por dar espaço e ser um berço incessante de novas bandas. Embora marcada pela velha guarda, a efervescência cultural de Brasília favorece o surgimento constante de novos artistas, solidificando a cidade como um polo criativo. Entre os representantes da nova geração, bandas como Scalene, Dona Cislene e Móveis Coloniais de Acaju levaram o som de Brasília para todo o Brasil, conquistando reconhecimento nacional — e até internacional.
Mas, quem nunca ouviu que o Rock de Brasília está perdido? A verdade é que o rock brasiliense nunca se perdeu, ele se readaptou diversas vezes e assumiu novas identidades, dessa vez mais colorida e renovada. Essa é a essência da banda Lupa, formada por Múcio Botelho (vocal/guitarra), Lucas Moya (baixista) e Junin (Bateria).
Carismático, barulhentos e em ascensão — como eles mesmos se definem — o grupo tem uma trajetória marcada por transformações, renovações e uma clara missão: manter o rock de Brasília vivo, a qualquer custo.
A trajetória do trio teve início há 8 anos, com o lançamento de Lupercália — um disco vibrante, provocador e envolvente — que se destacou no cenário do rock de Brasília da época, conquistando rapidamente o público local e, posteriormente, ganhando reconhecimento em todo o Brasil e no exterior. O estrondoso sucesso de “Justo Eu” — single do álbum, foi apenas o começo. O álbum que estreou com 135 mil reproduções no Spotify, hoje acumula mais de 3,5 milhões de reproduções na plataforma. E não satisfeitos, a banda continuou a surpreender com novos singles cativantes e, em seguida, lançou seu segundo álbum de estúdio, SUCESSO A QUALQUER CUSTO.


Seus lançamentos atuais como “Me Carregue” e “Chá” que compõe o EP “Pequenas Mortes” trouxe outra faceta da banda — dessa vez, com letras melódicas e melodias mais calmas, a banda te transporta para um jardim em um dia chuvoso. “Borda na minha pele, tudo o que você quiser que eu carregue, teu amor, uma flor, coisa breve, o que eu vi, vivi, amei e perdi” canta Múcio Botelho com um violão cativante.
Já “Chá” te chama para uma diálogo amoroso, “conversa comigo, te peço abrigo em mim, conversa comigo, que a minha coragem tem fim” — novamente a banda explora um ritmo atípico em relação ao seu estilo habitual, surpreendendo positivamente ao revelar sua versatilidade e um novo ângulo criativo.
“Morango” último lançamento, traz a essência da banda de volta — uma sonoridade alegre, cativante e uma letra provocativa, típico da Lupa né?
Passando por momentos de renovação sonora, autoconhecimento, readaptação e renovação, tivemos a chance de conversar com Múcio Botelho — vocalista e fundador da Banda Lupa — sobre o aniversário do álbum de estreia da banda, as mudanças ao longo do tempo, o amadurecimento do grupo, influências e o cenário atual do rock brasiliense, e obviamente, o que está por vir. Vem com a gente!
Lupercália foi o álbum de estreia da banda Lupa, e no dia 5/5 ele completou 8 anos, foi o disco que apresentou Lupa para o mundo e principalmente ditou muito a estética da banda, tanto que até hoje, a banda Lupa é assimilada a cor rosa. Como foi a escolha dessa estética e como foi abandonar essa estética no segundo disco?
Múcio: Oh, lá no começo, quando a gente começou aqui em Brasília, o que rolava, Brasília tinha uma cena que era uma galera muito… queria ser má saca? Queria ser assim, pesada… então as bandas todo mundo sempre de preto, cara feia, ninguém se relacionava direito com fã, isso era inclusive um problema da cena daqui que acabou afastando muito todo mundo do show […] a gente desde o começo, a gente sempre tentou fazer as coisas bem… literalmente ao contrário do que as outras bandas faziam, e foi uma coisa muito massa pra gente, então assim, nós éramos uma banda que não era meio pesada, no meio de um rolê que era muito pesado […] se a galera quer ser dark e inacessível, a gente vai ser leve e na mão de todo mundo, e foi literalmente [risos] isso, o que salvou a Lupa eu acho […] era 5 moleques completamente ingênuos, que eu acho que faz parte, se você não for ingênuo e sonhador você não entra num rolê desses… é colocando peito na rua, tanto que a nossa capa do disco era literalmente a gente de peito de fora, pintado de rosa, quer coisa mais vulnerável? Né, o pessoal ir pro cenário de rock que era daquela época saca? Então foi muito massa, e foi assim uma quebra de paradigmas muito bacana.
Lupercália foi o disco que conquistou muitos fãs, como foi para vocês lidarem com essa explosão repentina de fãs? E o que vocês fazem – além da música e dos shows – para manter esses fãs até hoje?
Múcio: É muito doido, porque eu acho que é uma burrice das bandas, porque tipo assim, se você for parar pra pensar em termos de negócio, como que você cresce, sabe? Tipo assim, você precisa de todo mundo te ajudando, e isso é um negócio muito massa. As bandas dependem de duas coisas, ou delas caírem no gosto de alguém muito importante que vá falar “não, vem cá, vou abrir porta pra você, você vai abrir shows das minhas bandas, e aí você vai ganhar uma fã base, aí você vai começar a crescer, vou colocar você pra tocar em tal lugar” ou então você tem que forçar essas pessoas a abrir portas para você, porque você tem gente te apoiando. E a Lupa sempre fez esse caminho, nunca foi alguém grande que abriu a porta pra gente, sempre foi os fãs enchendo o saco pro negócio começar a acontecer sabe? Isso mudou as nossas vida. E é uma relação muito foda, porque é uma coisa que o Vitinho me falou uma vez ele falou assim: “Porra, Múcio. A gente fica falando que a Lupa é tudo, que a Lupa faz tudo, mas no final das contas, a única coisa que a gente tem de verdade pra dar para as pessoas são músicas”, e músicas que falam do que a gente é, do que a gente vive, do que a gente acredita, e assim, eu não acredito em escrever pros outros, eu não acredito em escrever pensando “Ah, será que as pessoas vão gostar?”, eu escrevo tudo pensando no que é de verdade pra mim, no que faz sentido e honestamente não é o que todo mundo quer ouvir, mas cara, olha a sorte que eu tenho de estar fazendo isso agora a quase 10 anos e ter esse tanto de gente que ama o que a gente faz, que se identifica, que ressoa, e ressoa tanto a ponto delas gastarem horas, dias, mostrando a gente pros amigos, rodando, espalhando saca? A Lupa trabalha como se fosse uma igreja, meio pentecostal mesmo, a gente trabalha com conversão e isso é muito foda [risos]. A gente conseguir comunicar com todo mundo e a nossa fã base se renovando… a gente sempre vai pegando essa galera de 15, 16, 17 anos, acho isso maravilhoso, porque essa idade é a que vai definir a sua vida, se você se apaixona com uma coisa nessa idade, isso vai ser a sua vida pra sempre, saca, tipo assim, não tem jeito, vira a banda da vida, vira o que vai definir sua personalidade, o jeito que você interage com as pessoas e isso é um privilégio e uma responsabilidade muito grande pra quem tá fazendo isso.
Ser músico consiste em ter uma evolução constante, pois sabemos que a indústria musical está sempre em transição, então o que mudou de 8 anos pra cá?
Múcio: Mudou tudo! Nós somos melhores amigos, não tem como, tipo assim, a gente cresceu todo mundo junto, todo mundo é apaixonado por todo mundo. Dezinho (André Pires, ex-tecladista) e Victor (ex-guitarrista), infelizmente não conseguiram continuar na Lupa porque a gente começou a rodar muito, começou a exigir muito, e não tava dando conta. E eu, Lucas e Juninho é o núcleo duro, é o núcleo que não larga de jeito nenhum e estamos mais forte do que nunca. A gente está agora nessa correria louca, ficamos os últimos 3 anos rodando o Brasil inteiro, fizemos regiões que a gente não conhecia, estamos tocando em festivais grandes, em palcos grandes, lançando músicas muito fodas. […] A gente acabou de fazer turnê com o Vivendo do Ócio, e agora vamos fazer um show em Recife com o MopTop que é outra banda que a gente cresceu ouvindo e que está voltando agora lançando disco. Então tá muito foda, e a gente está literalmente agora gravando o nosso terceiro CD, então estamos empolgados pra caralho.
E qual música do disco vocês não suportam mais tocar ao vivo? E qual vocês sentem falta de tocar ao vivo?
Múcio: Eu gosto de tocar todas as músicas ao vivo. Eu não consigo não tocar. Os meninos odeiam tocar “Santa Moça”, eles odeiam tocar quase tudo do Lupercália. O que eles gostam de tocar do Lupercália, “Labirinto”, “Lunático” e “Bem Me Quer”. Aí eu, sou do time “Santa Moça”, a música que eu mais queria tocar ao vivo era essa e eles se recusam, um dia ainda vou tocar essa porra sozinho.
Hoje em dia se fala muito sobre a importância de ter um conceito por trás de um disco ou de letras mais elaboradas. Você sente que isso é uma cobrança pra você, como artista? Ou o processo flui naturalmente?
Múcio: Eu acho que a partir do momento que a gente cede e você começa a mirar seus ponteirinhos criativos pra onde as pessoas querem que vá, acabou! Você não está fazendo arte, você não está fazendo uma coisa que é de verdade, você vai estar no máximo replicando alguma coisa […] O maior período de processo criativo que eu tive foi pro Lupercalia porque foram as músicas que eu escrevi assim minha vida inteira antes de eu de fato me lançar né? E aí assim, quando lançamos o Lupercália chegou uma crítica de um jornal de São Paulo falando assim: “Que engraçado, eles só falam sobre amor. Por que vocês só falam sobre amor?” E aí eu parei para pensar e, gente, até esse momento na minha vida, ali, dos meus 19 / 20 anos, tudo que eu tinha vivido na vida era amor. Eu me apaixonando assim, adolescente, e é isso, aquela loucura, hormônios… Eu tentando entender o que estava acontecendo e o Lupercália é um disco muito de um para um, né? É um falando, apontando assim para a pessoa que tu ama, saca? Quando a gente pulou para o SUCESSO A QUALQUER CUSTO, que foi escrito inteiro durante o rolê da pandemia, ele era um disco que eu estava pela primeira vez falando com todo mundo. Não era um disco que eu estava assim apontando para uma pessoa, para uma menina e falava… eu estava falando pra todo mundo desesperado para estar no meio de todo mundo, e fazer bagunça, e viver e com medo pra caralho, né? E aí foi um disco, de um para fora, assim para o mundo inteiro, e agora para a gente — eu não sei o nome ainda para o terceiro disco, ainda não consegui definir, ainda estamos rodando aqui. Agora eu estou sentindo que eu estou numa pala muito louca de eu comigo mesmo agora, saca? Tipo, eu sempre falei muito para fora e agora acho que é a primeira vez que a gente está colocando uma porrada de música que é muito de eu me analisando internamente. Só que não é esse autoconhecimento de prateleira, de auto-ajuda […] Estão vindo letras muito bonitas, que eu gosto. Estou bem empolgado, viu? O conceito, correr atrás de um conceito, correr atrás de expectativa dos outros, ah gente… não é o nosso forte, sabe?
Qual foi a intenção por trás do nome SUCESSO A QUALQUER CUSTO do segundo álbum da banda?
Múcio: No SUCESSO A QUALQUER CUSTO, a gente tava num período de caos da nossa vida, porque a gente tinha assinado com a Sony, e aí tínhamos soltado 5 singles, a gente soltou “Oi :)”, “Bichinho”, “E Se Não Der Pra Esperar?”, “Vai doer” e “Anti-hit do Verão” e deu aquele bum muito louco — e “Oi :)” foi a primeira música que nossa… que tipo assim, estourou, estourou mesmo, foi o Brasil inteiro e rádio e caralho a 4 e “Oi :)”, gente, é uma música que tipo assim, diferentemente do Lupercália, que é um disco romantiquíssimo, “Oi :)” é uma loucura, saca? É um sonho bizarro, né? E a letra é uma coisa assim, pá, pum, play, ignorante e deu muito certo. Eu liberei uma chave, sabe? Eu liberei assim, uma tranca, que eu tinha dessa responsabilidade de “Ai, o poeta”. E aí eu comecei a escrever coisas muito mais brutas, assim eu perdi um filtro muito grande que eu tinha comigo mesmo. […] E o SUCESSO A QUALQUER CUSTO ele foi um derrame louco em cima justamente dessa ótica, saca? E foi uma coisa 100% sem filtro. E porque a gente estava nesse esquema, e todo mundo desesperado também, porque a gente estava chegando nesse momento, assim, que logo antes da pandemia, a gente cresceu. E a gente começou a chegar em um ponto que estava ficando difícil para todo mundo acompanhar, porque todo mundo faz coisa ainda por fora da Lupa. Essa é a realidade de todas as bandas. Se você não for o Capital, Skank, Paralamas, Raimundos, todo mundo tem um jobzinho por fora, todo mundo trabalha, faz freela por fora, isso é uma loucura, saca? […] E a gente viu que estava começando a roer a corda ali, porque, caralho, se pá, os meninos não iam dar conta de acompanhar. Aí a gente falou assim “Velho, vamos fazer um disco, foda-se, a gente tem que fazer um disco pra gente fazer sucesso, porque ou a gente vai explodir de vez ou então… O que que a gente vai fazer?”, saca? E aí a gente teve essa decisão. Meu irmão, é sucesso a qualquer custo.
O Múcio Botelho é uma pessoa política, mas a banda Lupa é uma banda política?
Múcio: A Lupa sempre vai ser uma banda política. Falar de amor, falar de um jeito novo de enxergar a realidade, é a coisa mais política que existe. E tipo assim, isso é uma coisa que eu falava muito. Tipo assim, política e a arte são as maiores ferramentas que a gente tem para transformar a realidade. E quanto mais eu vou crescendo dentro de cada uma delas, eu vejo que, cara, eu estou fazendo a mesma coisa. Os 2 lados, sacou? No final das contas, a gente está conquistando pessoas de 1 a 1 para um sonho que a gente tem uma visão de realidade que a gente tem, saca? A Lupa faz isso de um jeito mais agradável para os ouvidos, sabe, que você pode rebolar, mas no final das contas é a mesma coisa. Isso é muito massa. Então, tipo assim, as 2 áreas da minha vida que eu realmente me dedico são as coisas que acredito, que eu sonho, que eu quero dedicar uma vida para fazer, elas se comunicam muito mais do que as pessoas acham.
O que você mais sente falta no cenário do Rock Brasiliense?
Múcio: Bandas, porra! A gente cresceu, a gente era a terceira leva das gerações de bandas aqui de Brasília. A gente teve o bum de Renato, Dinho, e depois a gente teve Raimundos e Móveis. E aí a nossa galera que estava crescendo forte que era Lupa, Scalene, Dona Cislene, Alarmes, assim, meu Deus, tava andando, andando, andando e aí todo mundo morreu, saca? E aí agora estão começando a aparecer novas bandas em Brasília. Então hoje pra gente, do tamanho que a gente está, estamos em um lugar muito solitário ainda. […] Hoje a gente não tem esse ecossistema de bandas fortes grandes assim consolidadas nesse midstream formada aqui em Brasília, que é a coisa que faz mais falta no mundo, e aí, o que a gente está fazendo, que é o que não fizeram com a gente, que era a coisa que mais fez falta na história da Lupa era isso, no começo ninguém esticou a mão para gente. Nenhuma banda ajudou a gente, saca? A galera que já estava maior assim, a gente não teve ajuda, a gente não teve ninguém abrindo portas, a gente não ninguém falando “Ó, não gasta dinheiro com isso. Foca nisso daqui que daqui vai ser melhor”, sabe? Dica, mesmo assim, para a gente não se foder e conseguir crescer de maneira mais saudável, a gente não teve isso. E aí hoje o que a gente fez? Eu montei um grupão com todas as bandas novinhas aqui de Brasília, saca? Todo mundo que está começando a gravar disco… e quando eu digo começando, tem galera que já tem 10 anos que tá tocando, mas porra, está se profissionalizando agora, está montando o disco, está aprendendo a fazer turnê e tal. E a gente montou esse ecossistema e a gente ajuda todas as bandas miudinhas. E tem muita coisa legal, tem muito tesourinho ali escondido, que irmão, se tiver firmeza assim, vai dar certo. Então é isso que é o nosso papel hoje. A gente está muito sozinho aqui, na posição que a gente tá, mas a gente está fomentando quem está embaixo, porque tudo que Brasília precisa mesmo é ter banda pipocando em tudo quanto é canto, fazendo música boa, porque é isso que move tudo.
Qual banda ou artista que te inspirou a criar a banda Lupa?
Múcio: Porra, Móveis! Eu lembro do dia que eu decidi que eu ia ter uma banda, porque eu já tocava guitarra, né? Tinha participado assim de bandinhas. Era bandas, tocava covers, bem molequinho assim, saca? “Móveis Coloniais de Acaju” Eu estava no meu segundo ano do ensino médio, tinha 16 anos. E aí, a banda de abertura do The Hives eram Móveis. E aí eles tocaram? Não, eles encerraram… Eu só lembro que aconteceu. Entrou ‘Móveis’ no palco, tinha 30 pessoas no palco. Nunca vi uma banda tão grande […] E aí subiu o André no palco. O André era o vocalista do móveis, um cara assim que nem eu, 2 metros de altura, o cabelo — desse tamanho — e ele subiu no palco, cara, com um sorriso, fazendo a maior festa e olhar aquele bicho assim, meu irmão, você é o cara mais feliz do mundo, tipo assim, olha a alegria que ele tá fazendo isso. E ele começava, e mandava as pessoas fazer os trens, todo mundo lá embaixo obedecendo a abrir a roda, e eles não são pesados, né? E aí todo mundo começou a girar e eu olhando… meu Deus do céu, é isso que eu quero fazer pelo resto da minha vida.


Qual show marcou sua vida?
Múcio: Foi o show de lançamento do Lupercália, que foi lá no canteiro central, que foi a primeira vez que eu pulei nas pessoas, inclusive, e foi muito lindo, cara. É um dos momentos que mais arrepio de lembrar. A gente fez um financiamento coletivo para lançar o Lupercália, né? A gente bateu recorde de arrecadação, foi do caralho. Então assim, nesse dia foi o dia que a gente estava entregando os discos para as pessoas. Então, cara, o canteiro central era um lugar miudinho, a gente meteu 800 pessoas lá dentro. A primeira vez que a gente tinha nossos produtinhos, que a gente tinha as camisetas, que a gente tinha short e uns discos que a gente ficou lá assinando com todo mundo. E o show foi muito foda, no meio pro final do show, assim a gente pulando que nem um louco no palco e eu fiz alguma coisa que caiu a energia do palco inteiro, tipo assim, fez BLUFF, acabou. Não sobrou nada, sobrou Juninho tocando bateria, a gente estava tocando “Justo eu”, aí eu só olhei assim, pro lado e os moleque me olharam assim, aí eu só continuei gritando a música e meu irmão, todo mundo gritando a música pra gente assim até o final, à capela. Nossa senhora. Foi muito, muito, muito, muito cabuloso. Foi onde a gente virou pra gente mesmo e falou ‘Vai dar certo’, saca? Vamos, não tem como dar errado, não vamos embora, só continuar fazendo, que vai dar certo. Um segundo que foi muito louco, nossa, que que me pegou assim foi o último show que a gente fez antes de ir pro Rock In Rio. Que foi o Festival Ocupa lá na piscina de ondas que foi até hoje, eu acho, o maior show que a gente já fez era tipo assim, 5.000 pessoas NOSSAS. Nossas, lá na piscina de onda, saca? E era um dia que a Clarice Falcão ia ser headliner e a gente ia abrir para ela. E a gente roubou o show. Foi assim, uma loucura, foi maravilhoso. Foi um show que eu me arrependo de não ter gravado, porque a gente já estava conversando nessa época, de fazer um ao vivo, gravado. E a gente ficou, vamos fazer, vamos fazer. E era muito caro. E a gente decidiu não fazer, que a gente queria juntar dinheiro para fazer a turnê depois do Rock In Rio. E aí, o que aconteceu? Pandemia. Então a gente não fez a turnê e não gravou, né? Então esse foi um grande arrependimento. E outro show que me pegou muito, foi a primeira vez que a gente foi tocar em São Paulo, depois que a gente lançou o SUCESSO A QUALQUER CUSTO, que foi… nossa, surreal. São Paulo está muito violento. Foi uma loucura, galera muito apaixonada com a gente.
E agora, quais são os planos futuros para a banda Lupa?
Múcio: A gente deve começar a soltar as coisas do disco agora, virando o semestre. Então a gente tem mais 3 meses para matar tudo e começar a soltar os singles e até lá a gente ainda vai rodar. É, eu não sei se esses 2 shows, já vão ser da turnê nova ou se vai ser a reta final do SUCESSO A QUALQUER CUSTO. Aqui em Brasília a gente tem 3 shows marcados, a gente só anunciou um até agora, tá? Então, vai rolar logo depois Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. E é isso, e preparar as coisas para o disco novo agora.
BATE E VOLTA COM O SPECTRUM
Uma banda brasileira?
Múcio: Terno Rei.
Um escritor (a) que te inspira?
Múcio: Liev Tolstói, é o cara que eu mais leio.
Uma banda internacional que você não gosta?
Múcio: Gasto pouco tempo pensando nas bandas que eu não gosto. Mas eu não sou muito fã de Imagine Dragons.
Uma música brasileira?
Múcio: Clube da esquina nº 2, de Milton Nascimento.
Um membro da Lupa, que não seja você?
Múcio: Vitinho! To com saudades dele!
Um show que você não gostou de fazer?
Múcio: A primeira vez que tocamos no Capital Moto Week. Achei esquisitíssimo!
Um vocalista?
Múcio: Mick Jagger.
Uma música da Lupa que você não gosta?
Múcio: “Haja amor” que foi uma que a gente… mentira, a gente até gosta. A gente escolheu não lançar ela porque a letra ia dar um problema.
Lupa continua sendo uma das maiores — e mais promissoras — apostas do rock brasiliense. O trio se firmou como um dos principais nomes da cena, abrindo caminho para outras bandas no cenário nacional.
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ELES SÃO MARAVILHOSOOOOOSS!!!! LUPA É GIGANTE JÁ!! ❤️