Crítica: Lupa não cabe mais na sombra das atrações principais
A banda Lupa entrega um show vibrante em Brasília e mostra com força: não faz mais sentido deixá-los à sombra das atrações principais. Confira:
No último sábado (4), as bandas Lupa e Scalene se reuniram para um show eletrizante em sua cidade natal. Coube à Lupa a missão de aquecer o público – tarefa que cumpriu com maestria.
Formada por Múcio Botelho (vocal), Jeff (guitarra), Lucas Moya (baixo) e Juninho (bateria), a banda tem se consolidado como uma excelente escolha para abrir grandes apresentações. O show da Lupa é uma explosão de energia e alegria contagiante. Mesmo aqueles que chegam sem conhecer o grupo, ou aparentam certa resistência inicial, acabam se rendendo ao carisma de Múcio, Moya e às expressões irreverentes de Juninho.
Lupa se destaca no cenário brasiliense não apenas por sua sonoridade contagiante, mas também por sua postura colaborativa: é uma das poucas bandas locais que faz questão de unir e dar visibilidade a grupos menores. Com um público fiel e uma trajetória consistente, a Lupa já soma quase nove anos de estrada. O grupo em si é muito acessível, nas palavras do Múcio: “lupa é fácil e na mão de todo mundo”, o que os torna ainda mais interessantes para aqueles que são familiarizados somente à bandas mais rígidas e inacessíveis.
O show – embora infelizmente breve – contou com 12 músicas no repertório, incluindo “Essa Cidade é um Saco”, “Oi :)”, “Bixinho” e o hit “Justo Eu”, responsável por apresentar a banda a um público mais amplo.
A setlist foi bem variada e reuniu os principais sucessos da Lupa, mas ainda assim deixou espaço para algumas possibilidades. Canções mais acústicas, como “Me Carregue”, poderiam ter sido incluídas para revelar uma faceta diferente da banda — menos “pula-pula” e mais intimista. Isso não só traria mais dinâmica ao show, como também ampliaria seu alcance, agradando tanto os fãs do rock mais pesado quanto os que preferem algo mais leve, além de destacar ainda mais os belos vocais de Múcio Botelho.
“Essa cidade é muito pouco para ser quem eu sou”. O espetáculo também trouxe novidades no repertório, como a canção inédita “Pressa”, lançada recentemente em parceria com a banda paulistana The Mönic.
Lupa já não é banda de abertura – e o público sabe disso
O grupo possui uma presença de palco sem precedentes, que surpreende o público. A Lupa quebra a barreira entre artista e fã, colocando o público como parte essencial do show – algo que os diferencia de muitas bandas brasileiras que assumem uma postura de superioridade por estarem no palco.
Apesar das canções cativantes e dos shows simplistas – mas deslumbrantes – é visível que a Lupa sempre fez tudo acontecer por conta própria, sem o apoio de terceiros, o que os torna ainda mais fortes no cenário do rock brasiliense. Essa força é tamanha que a banda já não se encaixa mais no rótulo de “banda de abertura” – eles, por si só, são um ato impressionante.
Muitos fãs presentes no Toinha Brasil Show foram lá exclusivamente para ver Múcio, Moya, Jeff e Juninho brilharem, o que impressiona e revela o quanto eles são verdadeiramente cativantes. E essa conexão vai muito além da música.
A Lupa continua provando que seu espaço no cenário musical brasileiro é enorme – e inclusivo. Em entrevista ao Spectrum, a banda deixou claro que não está de passagem: veio para ficar e ainda tem um longo caminho pela frente.